Em um passado não tão distante o que mais preocupava em relação a saúde bucal das crianças era o aparecimento de cárie. Segundo dados do Ministério da Saúde, as taxas de dentes cariados despencaram no Brasil. Porém uma nova ameaça tem preocupado os dentistas: a erosão dentária.
Estudos recentes mostram um aumento da sua frequência em crianças. Isso acontece porque houve também uma mudança no padrão de consumo de bebidas ingeridas por elas. Sucos de frutas e refrigerantes são cada vez mais frequentes, pois são o preferido da criançada.
Segundo a especialista em odontopediatria e cirurgiã-dentista, Daphene Ozelame, existem três tipos principais para o desgaste dentário, que também são conhecidas como lesões não-cariosas. São elas: Abrasão, atrição e erosão.
“Um exemplo prático para entenderem melhor: uma criança toma suco de laranja, os seus dentes poderão sofrer erosão pela bebida ácida, mas também estão sujeitos à abrasão pela movimentação de língua e das bochechas durante o ato da deglutição. E, se essa criança se alimentar, seus dentes poderão sofrer atrição durante a mastigação”, diz a especialista em odontopediatria.
Clinicamente observamos um desgaste localizado na região onde o objeto/tecido mole entra em contato com os dentes, normalmente na cervical das coroas, a lesão é mais profunda que larga, e o tipo de desgaste é mecânico. A etiologia se deve à escovação com força excessiva, onicofagia (ato de roer as unhas), palitar os dentes e em tocadores de instrumentos de sopro.
Um exemplo claro é o bruxismo. Clinicamente vemos desgaste generalizado nos elementos dentários de forma horizontal, tento o mesmo desgaste no esmalte e na dentina, e as lesões de dentes antagonistas se encaixam quando o paciente oclui.
É um tipo de desgaste químico, onde a etiologia se dá por um ataque ácido. Podemos citar como exemplos: o refluxo gastroesofágico crônico, e consumo excessivo de refrigerantes e sucos. Clinicamente há uma superfície excessivamente lisa e brilhante, formação de concavidades nas superfícies oclusais, também conhecidas como “cuppings” sendo mais largas que profundas, e observamos também arredondamentos das cúspides.
A melhor medida para prevenção contra a erosão dentária é a identificação e eliminação das fontes dos ácidos, e a diminuição de exposição dos dentes às substâncias. “Utilizar canudos para ingerir as bebidas ácidas, não escovar os dentes logo após vomitar ou ingerir bebidas ácidas, fazendo bochechos com água ou soluções para revitalizar os dentes, após a ingestão dessas substâncias”, conta a cirurgiã-dentista.